Como em um dia qualquer,
O silêncio que aqui ecoa, é quebrado pelo barulho da chuva, que agora cai sobre o meu rosto.
Pessoas normais sairiam debaixo da chuva, e procurariam abrigo.
Mas estou falando de mim, e eu fiquei debaixo da chuva maravilhada, como uma criança que acabou de aprender a andar de bicicleta e toda abobada já saiu pedalando em direção à rua, e mesmo sabendo que aquela ação poderia trazer riscos, ela não se importa, porque o que ela sentiu quando o fez estava tão bom, que hipnotizada, não conseguia parar.
Eu me vi assim, viciada nas gotas que despencavam do céu e se destruíam no meu rosto.
Acontece que nós estamos na mesma situação,
Estou me atirando de um enorme abismo,
Sem a mínima noção de onde vou parar.
Diferente das gotas que agora encharcam o meu rosto, eu já cheguei ao fundo do poço.
Mas nada chegou ao fim, tenho que ter forças para recomeçar e continuar o ciclo.
Estou cansada das minhas aventuras de gota,
Eu que sempre fui tão livre,
Que sempre gostei de me aventurar em abismos,
Descobrir novos lugares,
Conhecer novas gotas,
Cansei de tudo isso,
E queria poder estar ao seu lado,
Porque você é a minha luz,
Porque você se reflete em mim,
Porque com você sinto que sou especial,
Faço parte de algo maior,
Juntos nós fazemos parte do arco-íris.
Mas devo me conformar com a minha rotina de gota.
Já que para você não sou nada além de uma gota,
Que se apaixonou pelo Sol.
Como em um dia qualquer,
Lá está à boba, a conversar com as gotas.